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terça-feira, 31 de março de 2015

Tijuquinha 50197


Tijuquinha 50197


Carroceria:  Marcopolo Viale BRT
Chassi: Mercedes-Benz O-500MDA
Empresa: Auto Viação Tijuca 
Foto(s):  Adriano Minervino


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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

Flores RJ 128.462


Flores RJ 128.462


Carroceria: Induscar Caio Apache Vip IV
Chassi: Mercedes-Benz OF1721 BlueTec 5
Prefixo: RJ128.462
Empresa: Transportes Flores 
Foto de: Carlos Júnior e Fetranspor




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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

segunda-feira, 30 de março de 2015

Expresso Mangaratiba RJ 137.319

 Carroceria: Marcopolo Torino GV2 Intermunicipal - 1 porta
Empresa: Expresso Mangaratiba 
Prefixo: RJ 137.319 
Foto(s): Michel Soares da Rocha

Carroceria: Marcopolo Ideale 770
Empresa: Expresso Mangaratiba 
Prefixo: RJ 137.319 
Foto(s):  João Silva (Andrarilho Carioca)


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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

Clima Tur de Miguel Pereira

 Carroceria: Ciferal Cidade I
Chassi: Mercedes-Benz OF-1318

 Carroceria: Ciferal Turquesa
Chassi: Mercedes-Benz OF-1721 


Carroceria: Marcopolo Viale
Chassi: Mercedes-Benz OF-1721 

Empresa: Clima Tur 
Foto(s):  João Silva (Andrailho Carioca)


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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

sexta-feira, 27 de março de 2015

Fetiche coletivo: 30 anos da saga a bordo do Volvo Padron

Fetiche coletivo: 30 anos da saga a bordo do Volvo Padron

08/08/2014 17:21  - Ilustração: Afonso Carlos/Carta Z Notícias. Fotos: arquivos pessoais dos entrevistados

Fetiche coletivo: 30 anos da saga a bordo do Volvo Padron
Há três décadas, uma viagem rodoviária surreal gerou uma insólita cumplicidade entre um grupo de universitários e um ônibus urbano que marcou os anos 80 no Rio de Janeiro
por Luiz Humberto Monteiro Pereira
MotorDream
Campus da UFRJ, bairro da Praia Vermelha, na Zona Sul carioca, idos de maio de 1984. Um belo dia, apareceu num dos corredores da Escola de Comunicação – carinhosamente conhecida como Eco – um cartaz convidando para o Enecom. A oitava edição do Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação se realizaria em julho, na cidade de Fortaleza. Quem colou aquele inocente pedaço de papel na parede certamente não tinha ideia do efeito que aquilo iria provocar. O convite levaria um grupo de universitários a encarar quase seis mil quilômetros de estradas, numa atribulada viagem de ida e volta entre o Rio de Janeiro e a capital cearense. O mais inusitado é que a longa travessia rodoviária foi feita a bordo de dois ônibus urbanos Volvo B58, com carroceria Ciferal modelo Padron Briza – na época, esses modelos ficaram conhecidos como Volvo Padron e tornaram-se uma referência no transporte público carioca. 
Aquele 1984 havia começado bem diferente do imaginado por George Orwell. O Brasil vivia os estertores da ditadura militar, com o ranzinza general Figueiredo na presidência. Pelo menos a anistia de 1979 havia permitido a volta dos exilados políticos. No começo daquele ano, tudo indicava que era a hora de votar para Presidente, depois de 20 anos de generais se alternando no poder. E o povo foi em massa às ruas para apoiar as "Diretas Já", em comícios que agitaram as grandes cidades brasileiras. Mas a famosa emenda Dante de Oliveira, que reestabelecia as eleições presidenciais diretas, foi rejeitada na Câmara dos Deputados num frustrante 25 de abril de 1984. 
No mês seguinte, em maio, a "ressaca" das "Diretas Já" ainda dava um ar meio modorrento à normalmente agitada Escola de Comunicação da UFRJ. A Eco sempre reuniu uma "fauna" bastante exótica e heterogênea, que juntava riquinhos da Zona Sul a favelados da Zona Oeste, misturados com gente vinda das diversas classes sociais e de todos os cantos da cidade. E ainda incluía muitos estudantes de outros estados – sem falar nos diversos bolsistas latino-americanos, que davam um toque cosmopolita ao ambiente. Tal diversidade estimulava as trocas de experiências, que geravam uma criatividade muitas vezes frenética e desenfreada. Cenas bizarras ou surreais normalmente eram encaradas com certa naturalidade. Afinal, o belo local onde até hoje funciona a Eco tem história. No Século XIX, o imponente prédio centenário foi sede do Hospício Pedro II, depois batizado de Hospício Nacional de Alienados. Mantendo o "clima", lá ainda estão, como vizinhos ao campus da Praia Vermelha, o Instituto de Psiquiatria da UFRJ e o Instituto Philippe Pinel. Ou seja, loucuras fazem parte daquele ambiente. Portanto, maluco era coisa fácil de encontrar na Eco em 1984.
Em termos de política estudantil, a maioria dos alunos – se não era maioria, pelo menos era a parte mais barulhenta – rejeitava a ideia de organizar um centro acadêmico convencional. Esse grupo mais unido e agitado, conhecido na Eco como "A Panelinha", defendia a autogestão como forma de se fazer representar. Em meio à anarquia local cotidiana, a notícia do Enecom de Fortaleza se alastrou rápido. Logo alguém mais pragmático sugeriu que um grupo de estudantes procurasse o governo estadual – desde 1983, o governador do Rio de Janeiro era Leonel Brizola, um dos anistiados de 1979, líder de uma corrente política que ele mesmo chamava de "socialismo moreno". Seu vice era outro ex-exilado, Darcy Ribeiro, antropólogo e escritor bastante ligado à Educação e às causas estudantis. A proposta era fazer um requerimento ao Governo do Rio de Janeiro para que cedesse um ônibus para levar um seleto grupo de alunos da Eco – "A Panelinha", é claro – até o Enecom de Fortaleza. No ano anterior, havia sido feita solicitação semelhante para um encontro latino-americano de estudantes de Comunicação em Florianópolis – e um confortável ônibus rodoviário foi cedido pelo Governo Brizola. Com tal retrospecto, conseguir um novo ônibus para ir a Fortaleza parecia uma barbada.
Os alunos da Eco que foram até o Palácio Guanabara, a sede do governo estadual, voltaram de lá com a grande notícia: o ônibus para o Enecom cearense estava garantido. A novidade causou uma euforia coletiva. Não que alguém por ali estivesse interessado em participar dos debates e palestras que discutiriam os rumos da Comunicação e da política brasileira no evento estudantil cearense. Na Eco, o Enecom – que recebeu o sugestivo apelido de "Eneconha" – era apenas um "álibi" para passar uns dias passeando em Fortaleza, acampar com os amigos e fazer turismo gastando pouco. Embora isso não passasse pela cabeça de ninguém, era um caso flagrante de viagem de lazer com subsídio público – sorte que, 30 anos depois, qualquer crime cometido na época já deve ter prescrito. 
Listas começaram a ser feitas com os candidatos à viagem. Depois, alunos da UERJ, UFF e PUC souberam da história e fizeram a mesma solicitação de transporte. Por isso, dessa vez seriam liberados dois ônibus – um para a Eco, outro para as demais faculdades. Até que chegou finalmente o dia marcado para pegar a estrada. Era uma ensolarada sexta-feira no inverno carioca e a área em frente à Eco estava lotada de mochileiros – muitos com barracas de camping, já que o Enecom não previa alojamentos. Em meio àquela balbúrdia, o primeiro Volvo Padron cruzou o portão do campus, seguido de um segundo, absolutamente idêntico. Ambos pintados de branco com faixas horizontais vermelhas e azuis e as logomarcas da CTC-RJ, a estatal fluminense de transportes coletivos. Aquele modelo urbano era conhecido pelos cariocas como "Quase Mil", pois foi adotado inicialmente na linha 999 – que ligava o bairro de Charitas, em Niterói, ao Castelo, na região central carioca. Quando os dois ônibus pararam em frente à faculdade, houve um instante de silêncio, seguido de gritos, risadas e exclamações de incredulidade. Teria mesmo o Governo do estado enviado dois ônibus urbanos para levar e trazer cerca de 90 estudantes em uma viagem rodoviária de quase 6 mil quilômetros?
Apesar do inusitado da situação, era a realidade. Pelo menos os vistosos coletivos eram novinhos em folha. Os bancos azuis, sem cintos de segurança, eram revestidos por uma fina camada de espuma. As janelas eram bem amplas, mas sem cortinas. E, se ainda restasse alguma dúvida, lá estavam as indefectíveis barras metálicas no alto do corredor, onde os passageiros dos ônibus urbanos que viajam em pé se seguram. Não havia roleta, mas o assento do trocador virado para o corredor indicava onde ela seria futuramente instalada. Cada coletivo vinha com dois motoristas e um estepe dentro, ocupando boa parte do piso da parte traseira. Prudentemente, os motoristas portavam uma pomposa carta com vários brasões do Governo do Rio de Janeiro, muitos carimbos e assinaturas. Era uma espécie de "salvo conduto", explicando que aqueles alunos iriam representar o povo fluminense em um importante congresso estudantil no Ceará e solicitando que as autoridades rodoviárias facilitassem a excursão do grupo.
Nenhum daqueles universitários tinha ideia que três meses depois, em outubro, os Volvo Padron marcariam época no Rio de Janeiro ao inaugurarem as novas linhas expressas urbanas, que saíam de São Cristóvão e chegavam à Zona Sul carioca através do Túnel Rebouças. Encurtavam tanto o tempo da viagem que estimularam os moradores dos subúrbios a frequentarem a praia de Ipanema. Algo que causou certo estranhamento a alguns ipanemenses – mas isso já é outra história. Chegou a circular na época a informação que a "versão carioca" do projeto Padron, criado em 1979, foi batizada de Padron Briza como homenagem ao governador Leonel Brizola, que estatizou a Ciferal para tentar solucionar a crise da encarroçadora – posteriormente incorporada à gaúcha Marcopolo e rebatizada em 2013 de Marcopolo Rio. E algumas pessoas juram até hoje que aquela viagem ao Ceará foi uma espécie de "prova de fogo" do governo fluminense para os novos ônibus da Volvo, antes da criação das linhas expressas via Rebouças. Se foi, parece que foram aprovados, pois logo acabaram virando "figurinhas fáceis" na cidade. Mas certamente ninguém da marca sueca – pelo menos até agora – ficou sabendo dessa inverossímil "viagem teste".
Passado o susto inicial com o fato de ter de encarar em ônibus urbanos um trajeto tão longo – a previsão inicial era de 45 horas de ida e outras 45 de volta –, o jeito era embarcar. E a viagem aconteceu – dá para adiantar que, felizmente, não ocorreram "baixas" e sobreviveram todos. O certo é que, pela quantidade de histórias inacreditáveis que se conta sobre o assunto até hoje, essa "bus trip" Rio/Fortaleza/Rio ganhou ares de "delírio coletivo" – com todos os duplos sentidos possíveis. Por isso, não seria coerente tentar contar como foi aquilo sozinho. Era fundamental convidar quem estava a bordo para puxar pelas reminiscências e lembrar alguns episódios daquela saga ocorrida há três décadas.
Nesse verdadeiro mosaico de memórias, uma das poucas que permanece indelével para todos é a do Volvo Padron, sempre no embalo da hipnótica "música tema" da viagem. Era uma espécie de "mantra", que se repetia de forma contínua e interminável. Consistia em um longo "ó, ó, ó", cantado em um coral quase gospel, seguido do refrão, que era também a única letra da canção, gritado em uníssono: "A bordo do Volvo Padrão!" – assim mesmo, com o Padron devidamente aportuguesado. 
Depois dessa nem tão breve introdução, um pouco do que foi essa verdadeira odisseia será relatado através de depoimentos de quem embarcou nela. Na época universitários, hoje estão todos na faixa dos 50 anos. Muitos agora têm filhos da mesma idade daqueles jovens destemidos que, em julho de 1984, subiram euforicamente os degraus do Volvo Padron no Rio de Janeiro, rumo a Fortaleza.
Uma aventura “on the road” em múltiplas visões
Minha mãe estava griladíssima com essa viagem da filhinha de 18 anos com os colegas de faculdade, de ônibus, para as longínquas terras cearenses. Depois de muito choro e ranger de dentes, ela acabou cedendo. Quando chegamos à Eco, já tinha uma muvucada de gente tentando entrar nos ônibus, aquela zona toda. Entre vários tipos exóticos, se destacava na multidão o nosso querido e saudoso Bussunda, sempre naquele ’modelito’ básico dele – bermuda abaixo da barriga saliente, sem camisa, cabelos compridos ao vento. Minha mãe me segurou pelo braço e vaticinou: ’com essa gente você não vai!’. ’Como assim, são meus amigos’, argumentei, fazendo cara de choro. Aí um monte de gente começou a gritar que eu tinha que entrar logo, senão iria perder o ônibus. Naquela confusão, aproveitei uma distração da mamãe e pulei pra dentro, pela janela mesmo. Ela, que quase teve uma síncope, tentou me agarrar pelas pernas e pensou que era a ultima vez que me via. Lembro bem da cara de desespero dela quando o ônibus partiu... " – Ana Lúcia Leitão, consultora na área de marketing.
No dia do embarque, meu pai me deu carona para o campus. Qual não foi nossa surpresa quando adentram os dois ônibus urbanos da Volvo. Primeiro comecei a rir. Imaginei então umas 72 horas naquele ônibus ’de rua’. Imediatamente voltei com minha mochila para o carro, mas alguns meninos desceram do ônibus para pegar a mim e minha mochila. Meu pai observava e ria. Como fui uma das últimas a embarcar, me sobrou a ’cadeira do trocador’. " – Marcia Kaplun, jornalista da empresa Via-Art Produções.
" Logo que entrou no Espírito Santo, já de madrugada, o motorista resolveu perguntar a um bêbado na beira da estrada como fazia para ir para Fortaleza... Acabamos indo para dentro de Vitória e perdemos mais de três horas para conseguir achar a saída da cidade. Alguns dormiam em redes, dependuradas nas barras metálicas do ônibus, mas eu lembro de conseguir dormir em um colchonete, no assoalho. Pelo visto, havia uma suspensão decente. Aliás, aqueles Volvo andavam muito bem. Tinham avisos de 60 km colados no vidro de trás, mas certamente tiveram seus limitadores desligados para a viagem e mantinham velocidades médias bem mais altas. " – Henrique Koifman, jornalista e apresentador do programa "Oficina Motor", do canal +Globosat.
 
 
Cada Volvo Padron tinha dois motoristas, que se revezavam na direção. Para evitar que dormissem no volante, conversar com o motorista era obrigatório. E as pessoas a bordo também se revezavam na função. Lembro de que, numa dessas conversas, um motorista disse que o mais longe do Rio que ele já tinha foi para São Paulo, mesmo assim uma única vez. E me perguntou se Salvador era depois da Bahia. Respondi que sim, Salvador era bem depois da Bahia. " – Angélica Nascimento, jornalista.
 
Em algum ponto da Bahia, fomos parados num posto da Polícia Federal. Descemos eu, Bussunda e Henrique para negociar com o policial, que avisou logo que a viagem estava toda irregular. Os ônibus eram urbanos e não deveriam ser usados para viagens interestaduais – o que era mesmo verdade. De fora, o policial já vislumbrava a bagunça interna. Além do que, uma ‘blitz’ policial no veículo àquela altura do campeonato não parecia uma boa ideia. Argumentamos que éramos estudantes a caminho do Enecom, etc. Mas o cara fazia o maior jogo duro. Até que mostramos a preciosa carta do Governo do Rio de Janeiro – não lembro se era assinada pelo deputado Danilo Groff, pelo Darcy Ribeiro ou pelo Leonel Brizola –, que pedia a colaboração das autoridades públicas para nos permitir chegar ao destino. Com essa carta e com o argumento que já estávamos no meio do caminho – ou seja, teríamos que circular por toda a estrada de volta por dentro da Bahia –, o policial nos liberou. E ainda disse que iria ligar para os postos à frente para nos liberar a passagem. " – Ivan Accioly, jornalista, assessor de imprensa e diretor da IAA Comunicação e Eventos.
 
Não tínhamos paradas certas pelo caminho, mesmo porque os motoristas evitavam as rotas mais óbvias, para escapar dos postos da Polícia Rodoviária. Os ônibus paravam sempre que alguém precisava ir ao banheiro, algo inexistente nos coletivos urbanos. As biroscas do caminho, que deviam atender uma dúzia de fregueses por dia, de repente tinham que servir 90 vândalos famintos de uma vez. O calote era geral, coitados... Numa delas, chegamos num boteco de beira de estrada e, depois de usar o banheiro, resolvemos ver o que tinha pra comer. A única coisa que parecia comível era um bolo de passas. Quando o atendente pegou o bolo para cortar um pedaço, as ’passas’ voaram todas... A fome passou na hora, o pudim de leite voltou intacto para a vitrine e as moscas puderam repousar nele novamente. Em outra dessas paradas, o Zé Emílio resolveu tomar um banho e por pouco não foi esquecido, apenas com um short e uma toalha, em algum lugar do sertão baiano. " – Marcello Monteiro de Carvalho Filho, designer gráfico.
 
Foi a viagem mais inusitada de minha vida e, provavelmente, de todos que foram comigo. Eu era presidente do Centro Acadêmico da Faculdade de Comunicação da UERJ. Descobrimos que o pessoal da UFRJ tinha conseguido um ônibus para viajar ao Ceará, onde aconteceria o Enecom. Fiz contato com outras universidades e fomos até o Palácio Guanabara, aonde nos prometeram o segundo ônibus. Foi uma viagem insana, mas de grandes recordações. Em Petrolina, rolou uma partida de futebol ’histórica’ em um campo de areia às margens do rio São Francisco, com um ônibus de cada lado delimitando o ’campo’. Devia ter uns 30 jogadores de cada lado. Não faria hoje uma viagem assim, mas tenho certeza de que nenhum de nós jamais se arrependeu de ter embarcado naqueles ônibus. " – Rafael Casé, jornalista.
 
Na ida, era domingo e muitos não tinham tomado banho no sábado... Resolvemos parar para uma chuveirada num motel bem chinfrim de beira de estrada, em pleno sertão cearense. Era muita gente pra tomar banho e almoçar e ficamos lá mais de quatro horas. Negociamos quartos do motel para as mulheres tomarem banho e outros quartos para os homens, com as pessoas formando filas dentro para se revezar nos chuveiros. Foi uma zorra completa. Depois, limpinhos e cheirosos, almoçamos num posto de gasolina ao lado e voltamos aos ônibus. " – Carla Paes Leme, jornalista do Instituto Moreira Salles.
 
Lembro que, no caminho, me deram uma pinga com mel. Eu bebi, bebi, bebi e... vomitei. ‘Mas eu tentei vomitar baixinho pra ninguém ver’, justifiquei, muito sem graça pela lambança que fiz a bordo. Muitos amigos gozam a minha cara por essa frase até hoje... Lembro das pessoas jogando sueca e pôquer em rodas intermináveis de carteado, para passar o tempo. E todos cantando sem parar! " – Maurício Lima, jornalista e produtor.
 
Esse evento se tornou mitológico, ao ponto de ninguém saber diferenciar a realidade da fantasia com 100% de certeza. Pelo que me lembro, foram quase três dias de viagem na ida e outro tanto na volta. A cada parada, fazíamos a felicidade dos botequins, pois só saíamos quando zerávamos os estoques de álcool no estabelecimento. Dentro do ônibus da Eco, havia claramente uma separação geográfico-social: ’Alto Padron’, ’Médio Padron’ e ’Baixo Padron’. Neste último, o clima era de uma enfumaçada boate, aberta 24 horas por dia, com muita bebida e música ao vivo – havia vários violeiros a bordo. Na frente, no ’Alto Padron’, as pessoas – inclusive o motorista que estava ’de folga’ – tentavam dormir. Já no ’Médio Padron’ ficava quem preferia conversar, contar piadas ou jogar cartas. Eu ia de vez em quando ao ’Baixo Padron’ me divertir um pouco. Quando cansava daquela ’festa’, voltava para a frente para pegar um fôlego e dar um cochilo. " – Lealdo Lima dos Santos, advogado e publicitário.
 
Partimos a bordo de nossa espaçonave sobre rodas rumo ao desconhecido. Desconhecido mesmo, porque os motoristas nunca tinham saído do estado do Rio e não faziam a menor ideia de onde ficava o Ceará. Acordávamos com os primeiros sinais da aurora – o Volvo Padron era particularmente envidraçado e não tinha cortinas. Logo descobrimos que o sertão do Nordeste, em julho, é de um frio enregelante de manhãzinha. Depois da longa viagem de ida e de vários dias de farras e turismo em Fortaleza, chegou a hora de voltar. Chegamos em pleno dia de aula ao campus da Praia Vermelha. Descemos dos ônibus um tanto incrédulos, aqueles que podiam andar ajudando aos outros, alguns beijando o solo, não acreditando que viveram para reencontrar o lar... Não trocaria aquela viagem por nada. Foi uma aventura do começo ao fim – e uma aventura totalmente coerente, inclusive com sua época. Eram tempos em que estávamos começando a descobrir a liberdade, não apenas nós como o próprio país. Inclusive a liberdade de ir e vir. E, para desfrutar da liberdade de ir e vir, em nossa cabeça de garotada que só anda em bando, nada melhor do que ir de ônibus. " – Luiz Henriques Neto, jornalista e autor teatral.
 
Tenho poucas lembranças daquela viagem – provavelmente por causa da cachaça Chave de Ouro, que bebíamos como se fosse água. Do longo trajeto, dá pra lembrar das redes de dormir penduradas, do esforço para manter o bom humor, das cantorias sem fim... A música ’A Bordo do Volvo Padrão’ – puxada pelo finado Marconi e provavelmente composta em parceria com o falecido Bussunda – era gritada repetidas vezes por toda a galera. De fato, aquele ônibus foi um personagem marcante da viagem. " – Renata Moraes, jornalista da ANP.
 
Na verdade, a música ’A Bordo do Volvo Padrão’ foi criação do colega capixaba João Moraes, que depois voltou a morar em Cachoeiro do Itapemirim. Embora aqueles ônibus não tivessem sido feitos para viagens interestaduais, as pessoas se viravam para conseguir dormir. Me lembro de ter viajado do lado da Renata. A gente revezava para dormir, deitando a cabeça um no colo do outro. Os felizardos e mais malandros jogaram seus sacos de dormir no chão e arrumavam lugares privilegiados para cochilar. E outros, como o Torreão e a Renatinha, amarraram uma rede nos ferros do ônibus, para dormir como se estivessem em um autêntico ’pau de arara’. Todo mundo que passava pela rede dava uma cotovelada no Torreão, só por ele ser tão ’espaçoso’... " – Heitor Pitombo, jornalista e músico.
 
A epopeia do Enecom no Volvo Padron foi algo que marcou minha vida como o que houve de mais próximo de viver um sonho imprevisto na vida real. Os três dias no ônibus até Fortaleza foram uma maneira de conhecer o Brasil dentro de uma espécie de nave. Aquele ônibus voou pelo sertão numa marcha incerta, entre noites estreladas na imensidão do universo profundo. Lá dentro, bebia-se, fumava-se, amava-se, fazia-se música (até uma em homenagem ao tal do Volvo, divorciado da marca, tornado humano). Poderia falar do que se seguiria à jornada que nos levou ao Ceará, do amigo virgem que perdeu a pureza com a grande musa da galera, da minha primeira experiência em dormir numa barraca ao relento num dos pátios da faculdade cearense, ou da nossa indolência, nossa atitude militante de não assistir a uma só palestra do grande simpósio e de conhecer só a vida dali, da gente, dos bandejões, dos baiões de dois e de tudo o mais. Do retorno, mais três dias no Volvo Padron, nada sei, pois estava já coroado do sentimento do mundo. E acho que voltei numa nuvem, inebriado pela vida. " – Arnaldo Bloch, jornalista, escritor, editor e colunista do jornal carioca “O Globo
 
 
Eram tempos bem duros. Lembro que voltei tão sem grana que dividi uma coxinha de galinha com alguém... Na volta, descobrimos que um dos motoristas estava com a carteira irregular, mas parece que a tal ’carta do Brizola’ resolveu mais uma vez o problema. Lembro bastante da gozação dos motoristas dos ônibus interestaduais nas paradas da estrada, quando viam o letreiro "Fortaleza" improvisado naqueles ônibus urbanos, repletos de redes penduradas. E lembro de um monte de gente feliz, cantando e dançando o tempo todo, como se fosse uma interminável festa sobre rodas... Será que foi mesmo assim? Ou, passados 30 anos, é como eu desejo que tenha sido? " – Elisa Barcellos, jornalista.
 
Na volta, lembro que as barras de apoio para as mãos dos passageiros do Volvo Padron serviram para estender as pontas das redes e como varal de roupas, inclusive calcinhas e cuecas. Quando embarcamos para voltar, um do motoristas encheu a traseira do ônibus com uma quantidade de caixas de cachaça que só deve ter acabado agora. Um deles trouxe até um passarinho cearense pra casa. " – Mauro Trindade, jornalista e professor.
 
Tive uma gastrite uns dias antes e acabei não pegando aquele ônibus. Jamais me perdoei por isso. " – Affonso Romero, analista de comunicação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. 
 

Coomotor 6315

Paradiso G7 1200 da empresa Coomotor.


Foto tirada por Yeni Marcela Narvaez Nossa, na Colômbia.


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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

Paradiso G7 1200 da empresa Tranceibosa do Panamá

Foto(s): Eugênio Ilzo da Silva


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quarta-feira, 25 de março de 2015

Translitoral 5201 adesivado NET



 Translitoral 5201 adesivado NET

Carroceria: Marcopolo Paradiso G7 1050
Chassi: Scania K-340
Ano de fabricação: 2011
Empresa: Translitoral Transportes Turismo e Participações Ltda
Foto(s): João Manoel da Silva


Site:


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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

terça-feira, 24 de março de 2015

Piracicabana Santos 4453


Piracicabana Santos 4453

Empresa: Viação Piracicabana
Serviço: Municipal de Santos
Carroceria: Marcopolo Torino 2014
Chassi: Mercedes-Benz OF-1519/52 Blue Tec5
Ano de fabricação:  2014

Observação:
Titular da Linha Circular 108: Jd. Piratininga X Terminal Valongo
O outro ônibus da linha é o 4452 que roda somente nos horários de pico.


Informações sobre as linhas de ônibus de Santos-SP, 
consulte:




Foto(s) e  Postagem de João Manoel 
(Equipe Litoralbus) 

sexta-feira, 20 de março de 2015

Senior Midi da Piracicabana Santos


Piracicabana Santos - Série 43

Carroceria: Marcopolo Senior Midi de 3 Portas
Ar Condicinado - Wi-Fi
Chassi: Mercedes-Benz OF-1519/52 Blue Tec5
Ano de fabricação:  2013
Empresa: Viação Piracicabana
Serviço: Municipal de Santos
Local das fotos: Santos-SP
Av. Nossa Senhora de Fátima




Informações sobre as linhas de ônibus de Santos-SP, consulte:




Foto(s) e  Postagem de João Manoel 
(Equipe Litoralbus) 

terça-feira, 17 de março de 2015

ALL 9837

Locomotiva da ALL


Empresa: ALL - América Latina Logistica
Local: Cubatão/SP - Vila Natal





Conheça a ALL





Foto(s) e  Postagem de João Manoel 
(Equipe Litoralbus) 

Lotação São Vicente 112



Carroceria: Volare - Geração 3
Chassi: Agrale
Empresa:  Transporte Alternativo de São Vicente
Prefixo: 112
Foto(s): João Manoel da Silva




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Postagem de João Manoel (Equipe Litoralbus)

Caravellas 124

Carroceria: Van 
Capacidade de 15 passageiros - Teto alto - Ar Condicionado
Ano de fabricação: 2014
Chassi:  Mercedes Benz Sprinter 415 CDI
Ano de Fabricação: 2014
Empresa:  Caravellas Transportes e Turismo Ltda
Prefixo: 124
Placas:FAP-8536
Data: 05/03/2015
Fotos de João Manoel da Silva


Observação:
Na frente um micro-ônibus da mesma empresa.
Carroceria: Comil Piá
Chassi: Mercedes-Benz LO-915
Ano de fabricação: 2007

 
 
 Conheça a Caravellas/Santtur:
 
 
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quinta-feira, 12 de março de 2015

Thamcos da extinta CSTC

 Thamco Águia MB OF-1315 de 1988


Thamco Scorpion MB OF-1315 de 1990





Fotos de João Manoel da Silva


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